Mineiro vacinado
“Eu não sou besta pra tirar onda de herói. Sou vacinado…” pela ciência, e me admira que hoje tantos Joaquins, Josés e Jair questionem os benefícios das vacinas.
Esse é um tema recorrente na história. Pouca gente sabe, mas as primeiras vacinas foram criadas há 3 séculos, quando o alferes Tiradentes ainda nem havia sentido a forca no pescoço da Inconfidência mineira.
Principalmente durante o século XX, gerações e mais gerações de crianças, adultos e animais de pequeno ou grande porte foram vacinadas, travando uma grande guerra contra as mais distintas doenças que nos assolaram, e graças à imunização em massa conseguimos obter a liberdade diante de várias delas.
E nas últimas décadas, com a evolução da genética, biotecnologia e da bioinformática, houve muitas melhorias nos protocolos de produção e garantia de qualidade biofarmacêutica e na produção e segurança no uso de todas as vacinas (e medicamentos). E a revolução científica foi tanta, mas tanta, que podemos identificar o DNA completo do microrganismo causador da doença em apenas dois dias, ao invés de mais de dez anos como foi o genoma humano. E a produção de vacinas gênicas (de 3a geração, à base de DNA implantado em bactérias, assim como em vários medicamentos utilizados em diabetes, esclerose múltipla e até doenças raras), nos permite encontrar potenciais vacinas candidatas e iniciar os testes clínicos de fase 3 (em pessoas saudáveis) no mesmo ano do surgimento de uma pandemia. Que libertação!
Farmacêutico e especialista em biotecnolologia que sou, faço coro ao pensamento de que sempre “é melhor prevenir do que remediar” e, por isso, quando adotamos os doguinhos, Meg e Thor, mantivemos os bichinhos fora de circulação nas ruas até tomarem as primeiras doses das principais vacinas (aos 3 meses). E por coerência, respeitamos o mesmo período (chamado de Lua de Leite) com o Luiz Gustavo, exceto para pessoas do nosso círculo familiar, aos quais acabamos desenvolvendo muitos anticorpos, e que são transmitidos no leite materno. Ah! E vou te confidenciar que além do objetivo de criar um ambiente mais tranquilo para conhecermos e nos adaptarmos a nova rotina da casa, acabamos ficando imunes não só às doenças como inclusive a visitas “sem noção”. Rsrs.
Sem noção mesmo é se comemorar a falha de uma vacina ao invés de enfrentar a doença com sabedoria e peito aberto. Já dizia o mártir inconfidentes: “Mil vidas eu tivesse, mil vidas eu daria pela libertação da minha pátria!”
Já você, não se martirize, e não deixe o vírus do remorso (ou da Covid-19) te contaminar por conta da opinião e ignorância alheias. Lembre-se: o isolamento inicial é necessário para garantir a segurança das pessoas que amamos. “Libertas quae sera tamen” (liberdade ainda que tardia).
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