5 E’s da educação e recursos para melhor aprendizagem
“Educação, para a maioria das pessoas, significa tentar levar a criança a parecer com o típico adulto de sua sociedade… Mas para mim, a educação significa fazer criadores… Você precisa torná-los inventores, inovadores, não conformistas” (Piaget).
Desde cedo nossa mente é ávida por aprendizado e aqueles que nunca param de aprender são mais favorecidos na vida. Seja para compartilhar informações em uma reunião de negócios, uma visita ao cliente ou na educação de uma criança, existem diversas formas para se transmitir um conhecimento e garantir a cooperação dos outros. E à medida que desbravamos os caminhos da descoberta, da interação, da prática e do uso de recursos lúdicos, mais efetiva é a retenção e aprendizagem.
Os E’s iniciais da Educação
A descoberta através da leitura, se refere ao Estudo, que lhe permite absorver cerca de 10% do conteúdo, pois apesar de ser uma forma ativa de buscar a informação é uma aprendizagem receptiva do que se lê, já que não há interação. Já o Ensino é quando se aprende ouvindo de forma passiva o outro falando, e assim você consegue reter apenas 20% do que foi dito. Ambos são baseados na teoria.
Quando desbravamos o campo da aplicação prática, temos o Exemplo, que é o ver fazer, ou ver e ouvir – que também pode se referir ao ensino por meio de recursos audiovisuais –, e de forma ainda que passiva nos permite alcançar até 50% de fixação. Contudo, quando de fato interagimos com o conteúdo e/ou outras pessoas ao utilizarmos a Experiência (ou experimentação, que consiste em fazer na prática e de forma ativa), que aprendemos cerca de 80% do que estava ao nosso alcance.
O 5º “E”: Ensinar (ou outros) para aprender
Conforme a pirâmide de William Glasser, a mais efetiva das formas de aprendizado é Ensinar os outros, porque para quando assumimos o compromisso de explicar, resumir ou ilustrar um determinado conhecimento, é sinal que atingimos o maior percentual do saber sobre aquele conteúdo.
Desse modo, quando decidimos aprender a ponto de poder aplicar o conhecimento e educar uma criança, isso nos permite evoluir e usar outros recursos lúdicos que otimizam essa transmissão do que se pretende ensinar.
EXEMPLO & REPETIÇÃO
Crianças aprendem primeiro pelo exemplo (bom ou ruim). Através dos neurônios-espelho os bebês observam, absorvem, reproduzem e repetem tudo que as outras pessoas, principalmente os pais, estão fazendo ao seu redor, e até por volta dos cinco anos de idade elas continuam imitando muitas das nossas atitudes.
O bom exemplo é um sacrifício diário e para conseguir fazê-lo precisamos ir além do conhecimento, precisamos de sabedoria e capacidade de liderança. Já listei aqui “5 formas de ensinar alguém a ser melhor (que você) pelo exemplo”. Contudo, há outras formas de ensinar – que acabam começando pelo exemplo e depois as crianças vão repetindo, adaptando e reinventando –, através do lúdico: histórias, músicas ou brincadeiras.
HISTÓRIAS
Você pode até contar um acontecimento real, casos acontecidos na família ou na História propriamente dita, mas quando se trata de crianças acho que vale mais é a estória (com “E” de educação), que se refere a uma narrativa, conto, fábula ou fantasia para ensinar algo a uma criança de forma que estimule sua imaginação. A leitura de um livro ou a contação de uma história cria uma imagem narrativa dos personagens, cenário e alguma lição sempre é aprendida com o desenrolar do enredo, o que permite à criança – e aos adultos – viajar por lugares e situações inimagináveis.
No ramo de vendas existe um consenso de que quando se conta uma boa história para um cliente ele fica mais propenso a comprar – e a convencer outras pessoas a comprarem também. Por aqui, uma das histórias mais fixadas na mente do Luiz Gustavo é a do cinto de segurança do carro. É que na fase que ele começou a se incomodar com o cinto de segurança da cadeirinha, eu contei para ele a estória de um sapinho que havia tirado os cintos e, de repente, o papai sapo teve que frear por conta de um caracol que atravessava a rua e que, por isso, o sapinho pregou no vidro do carro e ficou bastante machucado. De tanto repetir, hoje em dia ele mesmo pede para colocar os cintos assim que senta no carro.
MÚSICA
A música é – e estimula – criatividade. “A música é o meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm sua sede na alma. Ela enriquece esta última, confere-lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação.” (Platão).
Não é à toa que haja tantas musiquinhas ensinadas em escolas e cursinhos para fixação de um conteúdo difícil! Bom, acho que ainda se faz isso… De tanta repetição a gente ainda lembra de algumas até hoje. Com o Gugu, nossa música preferida é uma paródia de uma música de aniversário do Mundo Bita, que cantamos na hora de guardar os brinquedos ao final do dia: “Aaaacabou a brincadeiraaaa, táaaaa na hora de guardaaaaar, os brinquedos na caixinhaaa, para poder descansaaar!”. Hoje ele mesmo faz versões dessa canção conforme o local e o que vamos guardar e o que vamos fazer depois. É um barato!
BRINCADEIRAS
Falando em brinquedos, nós adultos temos a mania de querer definir para a criança como brincar com o brinquedo. Estabelecer regras. Adultos adoram propor jogos, mas que não são tão interessantes para crianças, principalmente da primeira infância, pois não passam de brincadeiras cheias de regras pré-estabelecidas.
“O mais alto nível de educação, é a tolerância” (Platão). Por isso ao se educar pela brincadeira, tudo deve ser o mais divertido e livre possível, “ao gosto do freguês”. E quanto mais simples e descontruído for o objeto, mais dá asas à imaginação, criatividade e inovação. Até porque, quem decide o que é brinquedo é a criança determinada a brincar com aquilo.
E talvez por essa liberdade inerente que, para mim, a brincadeira é a melhor das formas de aprendizado para as crianças – e com a qual os adultos mais se divertem quando se soltam. Pode ainda ser a mais prática, duradoura e completa, pois nela podem inclusive estar contidos todos os pilares e demais recursos lúdicos. Por exemplo, um teatro é uma brincadeira de contar histórias, e “estátua” é a brincadeira de dançar e parar conforme a música. Gugu adora todas elas! Uma das formas que ensinei o Gugu a lidar com as despedidas foram as repetidas brincadeiras… “Cadê o papai? Achou!” e à medida que ele foi ficando maiorzinho, o “esconde-esconde” virou uma brincadeira de quase todos os dias.
A brincadeira se baseia no exemplo, pois muitas vezes as crianças começam observando os outros se divertindo, o que faz desse recurso o que mais se aprofunda no campo da experimentação. A brincadeira ainda estimula a inovação, pois o ato de brincar é uma forma de testar habilidades e de resolver problemas (no mínimo do ócio). Além disso, também é a que melhor permite uma participação mais ampla e coletiva – no caso da história e da música, elas dependem de um excelente entrosamento ou facilmente incomodam os ouvidos –, muitas vezes a brincadeira se torna ainda mais divertida à medida que mais e mais integrantes se juntam.
E por aí, qual o seu método preferido de aprendizagem?
Um grande abraço,
0 Comentários