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Loki T2, livre arbítrio e limites da parentalidade

Eu já analisei a primeira temporada de Loki do ponto de vista dos desafios da nossa vida (você, eu, todo mundo) e do quanto a paternidade cria variantes de nós mesmos. Se não leu ainda, clica nesse link e depois volta aqui pra continuar pois, sem falsa modéstia, está imperdível!!!

Imagem do cartaz da série Loki 2a temporada

Contudo, assim como a série Loki do Disney+, eu também estou vivendo uma segunda temporada da paternidade. E para ambas, na minha opinião, a nova história possui uma dinâmica ainda mais interessante do que a primeira. Tanto a minha nova experiência como pai, quanto a série da Marvel, estão provocando um aprofundamento ainda maior nas questões do livre arbítrio. Já explico como tudo isso tem a ver!

O novo elemento!

Depois de cerca de 3 anos do início da minha jornada como pai, minha família foi agraciada com mais um membro. Meu 2o filho, Eduardo, nasceu e eu tive a oportunidade de reviver os melhores momentos da paternidade uma segunda vez, e revalidar todos os conceitos que apliquei com o Gugu agora novamente. Além disso, também pude corrigir aquilo que queria ter feito desde a primeira vez, mas só consegui nessa.

Por outro lado, me vi em situações que só são possíveis quando se tem dois filhos. Quem também tem vai entender. É mais uma variante à solta pela casa.

O caos iminente

No caso da série, sem spoilers (já que tudo que vou comentar está nos trailers), existe um desafio de tentar conter o ameaçador início de uma guerra multiversal entre as variantes do principal antagonista da nova saga da Casa das Ideias. Para isso eles precisam corrigir o que não está funcionando na AVT (Autoridade de Variância Temporal), agência responsável por manter a ordem na linha do tempo sagrada.

Por aqui em casa, não é muito diferente. À medida que o Edu foi crescendo e tomando consciência de si e de suas vontades, e como tende a querer imitar tudo que o irmão faz, começou a briga por brinquedos, espaço e atenção. E para piorar, com o Gugu na escolinha, há uma certa absorção de alguns comportamentos inadequados aprendidos com os coleguinhas de sala, que são reproduzidos em casa. E ao contrário das variantes do seriado, esses “eventos” definitivamente precisam ser podados.

Enquanto era só o Gugu eu achava que estava lidando bem com a gestão de conflitos, afinal eram só situações esporádicas com os primos, por exemplo, mas agora passou a ser quase diária com um irmão bebê e eu passei a fazer o que mais me incomoda: dar broncas e ter que interferir de forma mais enérgica.

Livre arbítrio X Limites

Na série existe um grande conflito de ideologias filosóficas das versões do Loki (e sua variante Sylvie), uma que acredita no livre arbítrio puro e outra que defende o controle mínimo e direcionado de tudo o que se pode permitir acontecer.

Deixar os meninos terem autonomia para resolverem seus próprios conflitos seria na minha opinião o ideal para a vida deles, inclusive como irmãos, já que isso os faria ser mais amigos. Mas ainda não é o momento, uma vez que ainda são apenas dois bebês, um deles um pouco mais velho do que o outro. E eles requerem ainda muito suporte e interferência de adultos, principalmente minha e da Júlia.

Aqui em casa existem algumas regras básicas genéricas, mas bastante efetivas, que são os pilares em quaisquer situações. Vou fazer um post só sobre isso pois acho que são muito válidas em qualquer lar. Gostaria de saber?

A principal dessas regras, chamada de “regra número 1 da casa” é: “Pediu pra parar, parou!”. Assim mesmo, ao melhor estilo parada de bateria de escola de samba. Podem ser cócegas ou alguma discussão acalorada. Se pediu pra parar, é para respeitar e interromper o que está fazendo na hora. E diria que isso funciona melhor com meus filhos pequenos do que com a mãe deles (de Áries, daí você já imagina, né?!).

Enfim, as regras de convivência harmônica são repetidas quase como mantras aqui em casa, todos os dias. Eu já me deparei em casa com as duas situações extremas:

  • Já interferi de imediato e agi ao melhor estilo “Minority Report” em disputas por brinquedos ao menor indício de uma “queda de bracos”. Evitando correr o risco de pré-julgar e tomar partido, já gritei logo um dos jargões, “não pode puxar” e tenho convicção de que quem recolheu a mão estava tentando tomar o objeto do outro.
  • Assim como também observei de longe e deixei os meninos se resolverem sozinhos. Como quando o Edu mesmo entregou o brinquedo que o irmão pediu ou quando o Gugu disse que queria um brinquedo que estava com o Edu e ele mesmo resolveu esperar e determinou um timer para o tempo de revezamento: “Alexa, 5 min”.
Imagem da Miss Minutes_inteligência artificial da série Loki.jpg

A IA da Amazon tem funcionado como uma guardiã do tempo muito efetiva aqui em casa, e bem mais amigável que a Miss Minutes do seriado. Inclusive esse é um assunto que seria bem legal de compartilhar com você: o quanto a Alexa tem inclusive servido como uma rede de apoio fantástica.

Um multiverso de possibilidades

Com relação ao livre arbítrio, uma regra se manterá válida “Por Todo Tempo, Sempre” aqui em casa é: tudo aquilo que eles merecerem e se esforçarem para conseguir poderão escolher e fazer!

De coisas simples como:

“- posso chupar um picolé depois do almoço?”,

“- claro”;

Até sonhos mais complexos:

“- quero conhecer o parque do Mário no Japão”,

“- quando você crescer mais, se ainda quiser muito, nós vamos!”.

Temos um compromisso em família de não podarmos possibilidades futuras. Orientamos sobre os cuidados, a ética, etc, e apoiamos o que querem ser/fazer. Se isso não compromete a integridade (saúde e segurança) deles e das outras pessoas, obviamente, tá liberado! Afinal, não sabemos se algum deles será um construtor de espaçonave, um programador de inteligência artificial ou campeão de video-game de realidade virtual.

O Gugu toda sexta pede para ir vestido de Mario Bros para ir à escola no “dia do brinquedo”. Claro que pode! Mas para merecer ser o Mário, eu relembro sempre a ele de não deixar torneira aberta ou pingando (afinal o Mário é encanador), de comer tudo (até cogumelo) e principalmente de ser muito legal com o irmão mais novo (o Luigi dele). Pronto! Mereceu, se esforçou, pode ser!

Minha família Super Mario Bros no carnaval

O paradoxo de Ouroboros

Quem nunca se perguntou o quanto teria sido diferente sua vida adulta se uma determinada situação não tivesse ocorrido no passado. Poderia ser um pai melhor se tivesse tido um mais presente na infância? Seria mais amável se tivesse ouvido mais “eu te amo”? Um evento (ou somatória desses) pode sim moldar nossa vida, mas também acredito que muitas vezes podemos definir como vamos reagir a elas e mudar nosso destino, gerando um novo ciclo de vida.

A grande questão nossa como pais é que muitas vezes parecemos apenas “cães correndo atrás do rabo”, fazendo um grande esforço pra controlar o que não nos cabe, um futuro que não nos pertence. Precisamos pavimentar o caminho que nossos filhos desejarem seguir. Dar a eles estrutura e suporte na jornada, mas nunca definir como e por onde caminhar. Eles devem ter autonomia para decidir o que fazer. Livre arbítrio! Concorda?

E comenta também o que você o que achou da série do Loki?

Um grande abraço,

Pai Alfa.

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Pai Alfa
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