CIPA e prevenção de acidentes
Quem trabalha ou visita grandes empresas com certeza já passou por algum treinamento de CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), e sabe que essa iniciativa vem ajudando a diminuir os acidentes de trabalho ano após ano. Mas você sabia que a quantidade de óbitos por acidentes domésticos é cerca de 3 vezes maior do que os registros de acidentes de trabalho no Brasil por ano? Em 2022, por dia, foram 23 mortes em casa contra 7 em situação de trabalho.
Pois é! Acidentes domésticos estão entre as maiores causas de mortes de crianças e adolescentes com idade entre zero e 14 anos, segundo o Ministério da Saúde. E quem é pai, sabe que anjo da guarda de criança nunca pode descansar. É cada situação de perigo, dignas de microinfartos.
Com o objetivo de minimizar esse risco, o Luiz Gustavo fez um curso de Bombeiro mirim, que eram aulas focadas na prevenção e cuidados em incêndios, socorro a vítimas e de prevenção a acidentes domésticos. O conceito é ótimo, e ele aprendeu muitas coisas sim… mas honestamente não gostei da organização e didática usada pela equipe que promoveu o curso dele. Na minha opinião, passar na tela de um celular vídeos de treinamentos de bombeiros falando, não são adequados para prender a atenção de várias crianças, e ao mesmo tempo. Mas talvez você ache um organização melhor na sua cidade e pode ser uma boa opção matricular seu filho também.
Mas se você não tem um curso de bombeiro ou algo equivalente por aí, já apresentei aqui no blog antes alguns conceitos e dicas importantes para fazer gestão de riscos na educação e liderança (leia aí e volte aqui. aposto que vai me agradecer).
Não sei como ainda estou vivo
Sou da geração dos anos 80′, que andava na garupa da moto sem capacete, viajava para praia (>500km) sem cinto de segurança (cadeirinha nem existia), e aprendi pegar “jacarezinho” (bodysurf) usando as ondas para voltar para um lugar mais raso do mar. Eu tenho na memória diversas situações em que eu vi a morte de frente, por conta desses riscos, mas felizmente ela me ignorou.
Para piorar, eu era daquelas crianças que sempre subia em tudo. Aos dois escalava o armário de roupas e deitava na gaveta; aos cinco, com um pé de cada lado, subia no marco da porta até tocar o teto com a ponta dos dedos; aos oito escalava árvores do quintal para colher frutas, e aos onze fazia “montanhismo” em muros com meus primos mais velhos. E quando só subir deixou de ser desafiador, evoluímos para manobras de pular de um lugar para outro. Pensando bem, acho que nós podemos ter criado o Parkour. Será?! Mas, o importante é que graças a Deus, nunca quebrei nenhum osso.
A questão é que quanto mais minha mãe me dizia para não fazer, mais eu fazia… escondido! E por isso tenho conciência que proibir não é o caminho mais efetivo. Mas também sei que se não determinar limites, o risco é maior ainda. E não quero que minha casa entre em nenhuma estatística.
Prevenção de acidentes
“É assim que faz? Assim tá certo?”. A gente sempre deve fazer esse convite à reflexão das crianças, se eles sabem se o que estão fazendo é algo adequado ou não. Deixe eles tentarem concluir sozinhos, mas se não der efeito, insista com uma abordagem mais direta: “Mesa é pra subir ou colocar comida?”, “Sofá é cama elástica?” e por aí vai. “Segurança em primeiro lugar“!
Tudo tem consequências! E uma das perguntas que sempre repito aos meninos é “o que geralmente acontece quando se faz coisas brutas ou erradas?” – “Alguém se machuca ou alguma coisa estraga” O Gugu há anos já sabe de cor a resposta… E daí já emendo: “sempre agir com carinho e cuidado“. É claro que são crianças e não têm ainda capacidade de auto-regulação para controlarem todos seus atos e sentimentos. Muitos adultos não conseguem, não é mesmo?! Contudo, mostrar que tudo pode e deve ser feito de forma mais segura é a principal intenção dessa abordagem.
Crie uma cultura
Te convido a também criar na sua casa a cultura da “CIPA: Conselhos Infinitos de Pais Alertas”. Rsrs
Por que é isso que devemos fazer: alertar para os perigos! Não é dizer que não é para fazer. E também não adianta sair gritando “CUIDADO” para tudo. Cuidado com o quê? A criança não tem real noção dos apuros de cada situação. Devemos estar alertas para minimizar os perigos e dar conselhos assertivos para minimizar o risco principal da situação: “Segura firme”, “Aí tá quente!”, “Cuidado com a ponta”, “não fique de costas para a beirada”. E é claro estar por perto e alerta, pronto para voar como um super-herói e salvar a criança, se preciso.
E assim como faz a CIPA da sua empresa, você precisa fazer um treinamento de prevenção para que todos estejam bem conscientes dos perigos. E nem precisa de um curso de bombeiro mirim, você mesmo pode fazer sua criança entender os riscos desde bebês. Como?!
As crianças naturalmente aprendem mais rápido que o adulto (é fisiológico), mas a melhor forma de ensinar é envolver. Primeiramente, dê o exemplo. Não adianta reclamar com a criança de subir na cadeira para pegar um objeto se ela já te viu fazer a mesma coisa, né?! A segunda forma é usar o lúdico através de histórias, músicas e brincadeiras.
E o Gugu já ouviu algumas vezes muitas histórias. A que ele mais se lembra foi quando um vizinho meu de prédio, de quando a gente tinha uns 4 anos, puxou do fogão uma vasilha de água fervendo. E eu fui do lado dele, no carro do meu pai, enquanto ele era levado ao hospital. Nunca me esqueci dessa cena!
E não pense que basta dizer uma vez que já é suficiente. A repetição é o que cria a cultura. Inclusive aqui em casa a gente tem algumas frases reproduzidas quase diariamente, como se fossem mandamentos, para garantir a segurança no lar.
E você? Que história, música ou brincadeira que você já usou com seu filho para ele aprender e parar de fazer coisas perigosas? Comente aí, pois pode estar ajudando a salvar uma criança.
Um grande abraço,
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