Análise: como cada perfil reage a conflitos?
Buscar entender os tipos de personalidade, seus perfis de comportamentos e a melhor forma de contornar ou minimizar conflitos faz parte da minha rotina como vendedor há anos. Isso foi inclusive parte do conteúdo de uma matéria da minha pós em Engenharia de Vendas. Afinal é necessário entender o outro, “calçar seus sapatos”, para conseguir ter empatia e conexão assertiva. E entender como esses perfis reagem a situações de conflito e stress me ajuda a adaptar a abordagem e, assim, poder gerar negócios e relacionamentos de longo prazo… E o mesmo vale dentro de casa.
Fazendo minhas pesquisas para aprofundar ainda mais no entendimento não só nas relações humanas da vida profissional, mas também da minha vida familiar, principalmente para uma educação mais assertiva do meu filho, eu descobri algumas teorias interessantes e que fazem sentido no meu entendimento.
Traumas de infância e reações ao conflito
Existe um livro chamado “The 4Fs: A Trauma Typology in Complex PTSD” de Pete Walker. (Não, eu não li! Só achei alguns materiais interessantes na internet citando). Ele correlaciona as respectivas formas de reagir a conflitos com os traumas sofridos na infância.
Então, baseado nisso, a ideia é que crianças muito mimadas e sem limites definidos pelos pais tendem à impulsividade e desencadeiam uma reação de confronto em situações de conflito, pois entendem que só é possível ter relações seguras quando possuem a sensação de poder e controle. Esse perfil então teria tendência a se tornar um indivíduo controlador, que exige perfeccionismo alheio e que promove o bullying.
Por outro lado, a criança educada de modo a ser extremamente obediente e servil a seus familiares, sempre busca evitar o conflito e para se sentir segura e amada abre mão de suas necessidades para satisfazer aos outros, tentando sempre manter os outros felizes. Uma probabilidade de ser o tipo bajulador.
Todos vão reagir conforme esses padrões?
Não! Até porque essa análise se refere a situações extremas, traumas intensos e, portanto, não se aplicaria exatamente assim à maioria das pessoas. Como já disse antes, dificilmente alguém poderia ser 100% um perfil.
Além disso, outros autores também demonstraram outras possíveis reações além dos “4F”. E se Freud e seus discípulos, que ainda são referências na psicologia moderna, determinaram 5 (ou mais) perfis bem distintos de personalidade. Então, não seria mais viável se supor que deveríamos ter pelo menos 5 reações a conflitos diferentes? E será que é só isso mesmo?
Mas é fato que a forma como cada um de nós vai se portar diante de situações de conflito e de stress pode ter muito a ver com a influência do modo como fomos tratados por pais e familiares na infância.
É possível sermos pais assertivos?
Independentemente de corrente de pensamento, é claro que por mais que sejamos pais zelosos, algum tipo de trauma a gente sempre vai acabar permitindo que nossos filhos sofram, físicos ou mentais. Não podemos criá-los em um aquário a prova de maldades e rodeados de plástico bolha, não é mesmo? Eles precisam vivenciar suas próprias experiências. Isso é que vai promover a personalidade e atitudes deles e tentar garantir uma educação mais harmônica.
Contudo, o próprio Walker afirma que “indivíduos que vivenciam uma ‘paternidade suficientemente boa’ na infância chegam à idade adulta com um repertório de resposta saudável e flexível ao perigo. Em face do perigo real, eles têm acesso apropriado a todas as possíveis respostas ao conflito”.
Eu acredito que se a gente consegue ensinar nossos filhos a prestarem atenção aos próprios sentimentos e fazerem suas escolhas com liberdade, autonomia e orientação do adulto, eles eventualmente vão ter diversas experiências, inclusive de conflitos, a ponto de aprenderem a lidar com isso sem sofrerem um sequestro emocional.
Todavia, precisamos apenas estar atentos aos nossos comportamentos diante dos nossos filhos, para que – no intuito de acertar – não sejamos nós a provocar um padrão de comportamento equivocado, quiçá extremo. Precisamos corrigir nossos próprios traumas no divã de um psicólogo e não na educação dos nossos filhos. As nossas dores não precisam ser deles.
E você, já observou se costuma reagir sempre da mesma forma diante de conflitos em família ou no trabalho?
Um grande abraço,
0 Comentários