Como promover a motivação no jogo da vida?
Motivação vem do latim “motus” ou “motio”, que se referem a movimento. E como sugere a própria etimologia da palavra, motivação é a união de motivo + ação, ou seja, as razões que te levam a se mover para fazer algo. As motivações são relativas, uma vez que diferentes pessoas podem ter motivos distintos para fazerem a mesma ação, ou por motivos iguais podem agir de formas completamente opostas.
Creio que para boa parte das crianças os jogos e brincadeiras são as primeiras experiênciasintrínsecas (sem seguir regras e padrões adultos) para criar motivações na vida, superar obstáculos e alcançar objetivos desafiadores. Afinal, a vida é como jogos de videogame (pelo menos os clássicos da minha época). Você tem a cada momento perigos à espreita a serem contornados ou superados e um desafio, na maioria das vezes, só você contra a máquina (representando a vida), ou com um outro jogador controlando a outra manete: um parceiro ou competidor dependendo do “jogo”.
Na minha primeira experiência com videogames, por acaso, eu ainda era bem pequeno mesmo, foi com o Odyssey (o primeiro modelo console plugado à TV comercializado, ainda da década de 70, pela Phillips). O cartucho padrão que vinha com ele tinha dois jogos de corrida e um jogo chamado “Cryptologic”, em que alguém escrevia uma palavra no teclado alfanumérico da base e o jogo embaralhava as letras e você tinha que reordenar e formar a palavra original, tipo um “jogo da forca”. É bem bobinho, mas para uma criancinha isso é o supra sumo! Tanto, que foi com ele que aprendi a reconhecer as letras, os números e a ler e escrever ainda aos 4-5 anos.
O Gugu já está bem mais avançado. Sabe o alfabeto e os números “de cor” desde os 2 anos, mas mesmo assim já tá na minha lista achar um técnico para consertar o meu Odyssey e deixar o Gugu brincar e aprender à vontade!
A pirâmide de Maslow
“A teoria da motivação humana” é o nome do artigo do professor de psicologia Abraham Maslow, que apesentou as necessidades humanas em uma pirâmide. A pirâmide representa desde as demandas mais simples, na base, até o topo, com as demandas de autorrealização, que podem ser adaptadas da educação de crianças até ambientes de trabalho de grandes corporações.
Um bebê (e até um pet) recém-nascido, por exemplo, já tem necessidades básicas que precisam ser atendidas, caso contrário, a reação natural dele é chorar. Essas necessidades são divididas entre questões fisiológicas (como respirar, dormir, alimentar e evacuar) e de segurança (como um lar e uma família que lhe dê carinho, diversão e proteção). Do mesmo modo, no ambiente de trabalho as demandas primárias são adaptadas, até porque espera-se que o liderado já tenha todas as anteriores atendidas naturalmente em casa.
À medida que vamos atendendo às bases da pirâmide, podemos seguir escalando os degraus até o topo e acolher todas as necessidades humanas, até chegar à autorrealização. E tanto o líder em casa (pai, mãe ou outro cuidador), quanto no trabalho (para uma equipe ou projeto), têm necessidades dos liderados que deve promover.
Tipos de motivação e sua evolução
A motivação pode ser intrínseca (de dentro) ou extrínseca (de fora) e todas elas podem conter como componentes: o motivo da ação (o impulso que a estimula), a direção (tanto o sentido, quanto em benefício de quem a ação é realizada) e persistência (durabilidade do ato provocado pelo motivo). Por exemplo: quando um homem das cavernas se deparava com um mamute e resolvia fugir, ele queria permanecer vivo (motivo) e corria na direção contrária ao perigo (sentido), o suficiente para não poder mais ser alcançado pelo animal (persistência). Contudo, ao longo da nossa vida, como indivíduos ou como sociedade, há também uma evolução do protagonismo de cada tipo de motivação, começando pela motivação primordial: o perigo.
Motivação 1.0
Desde os tempos antigos, havia uma motivação primária e inerente ao ser humano: a sobrevivência! Esse agente era bastante benéfico, pois era uma reação rápida e imediata a uma ameaça disparada em nosso cérebro em prol da própria vida e por tempo suficiente para eliminar o risco. E, graças a isso, sobrevivemos como espécie ao longo dos milênios!
As ameaças que nos levam à luta ou fuga ainda estão presentes no nosso dia a dia, apesar de não vivermos mais em cavernas. No entanto, ainda vivemos em uma sociedade perigosa e violenta, na qual podemos nos deparar com diferentes situações que podem surgir a qualquer momento, literalmente em cada esquina.
E voltando a falar sobre o meu videogame Odyssey, ele tinha outros dois jogos clássicos “Duelo no Velho Oeste” (onde dois cowboys atiravam entre si em meio a pinheiros que desviavam os tiros) e o “Senhor das Trevas” (com uma invasão de discos voadores que lançavam diferentes padrões de ameaças e que o jogador precisava atirar neles antes que chegassem ao “chão”). A própria manete (ou joystick, como se chama hoje) refletia bem a clássica situação de “luta ou fuga”, pois havia apenas uma alavanca para mudar a direção ou um botão para disparar seu “ataque”. E a cada movimento do oponente você tinha que tomar a rápida decisão de desviar do ataque ou atirar com precisão, pois tinha limite de munição. Nossa! Eram tão divertidos e tão marcantes que ainda consigo ouvir os sons do joguinho em minha mente até hoje!!!
Nessa mesma época também foi lançado o Atari e um tio comprou. Lembro da adrenalina que senti quando joguei PacMan pela primeira vez. A única reação que tinha era de fugir dos fantasmas! E não é que os tais joguinhos de videogame podem render uma reflexão? Será que o que deve nos fazer mover é apenas a preocupação em fugir dos nossos “fantasmas”?
Assim como nos jogos, em nossa vida pessoal e em sociedade, a motivação principal evoluiu e subiu a níveis mais complexos.
CONTINUA EM BREVE!
E você, também se divertiu muito com videogames na infância? E o que mais te motiva?
Um grande abraço,
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