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Como promover a motivação no jogo da vida? 3.0

Sem ameaça de algum perigo ou pelo sistema de punição/premiação, como é possível motivar as pessoas ou a si mesmo? Como atingir um determinado objetivo e ainda fazer isso perdurar? É alguma nova tendência? Um novo jeito de viver a vida? Sim e não!!!

É uma nova tendência, pois nas últimas décadas o protagonismo da motivação 2.0, foi perdendo força para uma nova forma de viver e pensar a vida. Aos poucos as pessoas estão aprendendo a se desvencilhar de velhos hábitos da cultura de punição e/ou premiação. Porém, não é nada tão novo assim, pois também já fazemos isso desde o início dos tempos. Essa é a razão, ou melhor, a paixão que sempre nos moveu a fazer coisas por pura vontade: a ser curioso e fazer experimentações, a ajudar pessoas de forma voluntária e manter um hobby (mesmo que seja algo extremamente difícil e cansativo, como um esporte radical).

As pesquisas acadêmicas sobre a motivação humana começaram na metade do século passado, tanto relacionada à psicologia, quanto a uma vertente que pode ser associada à educação, em função de correlação com problemas de aprendizagem e memória. Entretanto, o tema ganhou mais força nesse século, tanto no ambiente corporativo, quanto também foi internalizado em outras instituições, como as próprias famílias.

Motivação 3.0 (automotivação)

A motivação intrínseca e consciente é a mais forte de todas, pois nasce da própria necessidade da pessoa para satisfazer um prazer, uma paixão ou, melhor ainda, um propósito. Essa automotivação provoca mudança de sentimentos e perspectiva. E por vir de dentro (do coração) e satisfazer o próprio indivíduo (mesmo que também seja uma doação ao outro), esta é a que mais perdura, alterando comportamentos e hábitos.

A motivação vem do senso da necessidade e do prazer em colaborar. Na educação de crianças ou na condução de qualquer outro liderado, em casa ou no trabalho, o fato de você dizer à pessoa o motivo pelo qual ela está fazendo aquilo, faz com que ela entenda com positividade e decida cooperar. Repito: para ter motivação é necessário haver um motivo para a ação! Está comprovado! O simples fato de colocar um motivo ao final de alguma solicitação, por mais simples e bobo que seja, aumenta significativamente a chance de alguém atender e ajudar você.

E isso funciona na prática mesmo quando se lida com bebês. Quando eu ia, por exemplo, trocar a fralda do Gugu, eu comecei a dizer a ele o que ia fazer (como se estivesse lendo um procedimento, coisa da formação como farmacêutico industrial. Rsrs). Dizia a importância daquilo e pedia a ajuda dele. É claro que ele ainda mal entendia minhas palavras, mas coincidência ou não, toda vez que eu seguia esse roteiro, a troca das fraldas era mais tranquila e com o tempo ele mesmo já antecipava os movimentos para me ajudar.

Eu troco as fraldas do Gugu desde recém-nascido informando cada passo a ser executado para ser mais respeitoso e assertivo e conquistar a cooperação dele

Motivação é para atender necessidades

Mas, atenção! Motivação é o que te faz agir na HO-RA! É para atender a uma necessidade no presente. “Estou com sono, vou deitar”. Pronto! Você não adia. Necessidade básica não te dá escolha. Se você tentar adiar é anti-natural e vai te afetar de um jeito ou de outro. É como começar a chover e você pensar: “daqui a cinco minutos eu abro o guarda-chuvas”. Não faz sentido, né?! Então, porque tanta gente ainda acredita que vai funcionar dizer: “estou motivado a começar a malhar na próxima semana” ou “estou motivado a começar uma dieta amanhã”. Motivação sem ação é só uma ideia, ou no máximo um plano!

Ah! E a propósito, você pode estar super motivado a começar a malhar naquele minuto, mas se tiver com vontade de fazer xixi, nem adianta. As necessidades mais básicas precisam ser atendidas primeiro, por isso existe a pirâmide. Ninguém começa a casa pelo teto, certo?

Estou batendo nesta tecla de novo, pois é óbvio que ninguém consegue prover bem aquilo que não tem. É como nesses jogos que dá para os dois jogadores colaborarem, como o Sonic tinha a raposinha e o Mario tinha o irmão Luigi. Para enfrentar os desafios juntos, ambos precisavam se manter vivos e garantir os bônus possíveis ao longo do percurso. Não se deixa o outro na mão jogando sozinho!

Por isso, o ideal é que todas as necessidades, tanto do líder quanto do liderado sejam atendidas. Precisam ser um time coeso. Então tenha certeza de que você já tenha suas demandas preenchidas e se preocupe em prover as do seu liderado.

Fazendo um paralelo com as necessidades básicas de um bebê (apresentadas na parte 1.0), mesmo um estagiário (até um não remunerado como fui tantas vezes) precisa ter direito aos intervalos de descanso/lanche e férias (que não tinha na minha época) e a trabalhar com ergonomia e conforto, além de, obviamente, os requisitos obrigatórios de segurança do trabalho, de flexibilidade e estabilidade e as remunerações e benefícios inerentes ao cargo.

Uma representação da Pirâmide De Maslow e sua correlação com as necessidades dos liderados em casa ou no trabalho

A vida é um jogo… e ele tem um propósito!

Nos videogames, é a mesma coisa. A vontade de superar seus maiores adversários é uma ótima automotivação. Contudo, não adianta querer enfrentar o vilão da fase sem ter superado os obstáculos pequenos e coletado elementos que te dão benefícios antes. Há uma ordem!

Bônus, vitórias e recordes batidos são legais, mas a diversão está no caminho percorrido, e na evolução ao longo do tempo. Eu me lembro da primeira vez que passei todas as fases do “Senhor das Trevas”; Que completei uma corrida do “Enduro”. no Atari; Que ganhei o campeonato de Fórmula 1, no “Ayrton Senna‘s Super Monaco GP 2”; E “zerei” o “Sonic” (ambos no Master System); e, ainda, ao completar os jogos de estratégia “Cyberia” e “Commandos: Behind Enemy Lines”, no PC. Só clássicos! Mas o fato de atingir o topo do sucesso nesses jogos não me fez deixar de jogá-los. Contrapondo Maquiavel: no fim, o que justifica tudo, são os meios!

O Gugu ainda não joga videogames, mas por aqui as brincadeiras também podem ser bem desafiadoras. E ele tem motivação suficiente para brincar por um bom tempo sozinho, concentrado! Ele adora fazer teatro com bonecos, e um dos brinquedos preferidos dele, desde os 18 meses, são os blocos de construir. Ele adora construir torres ou criar outras formas a partir deles.

Gugu criando construtos com blocos de construir de madeira

Mas na primeira vez que brincamos, o construto que ele estava fazendo caiu, e ele se assustou! Ao invés de deixá-lo ficar frustrado e chorar, dizendo “que pena”, eu quis motivá-lo: “Vamos tentar fazer uma mais alta?”. Fracassos e falhas fazem parte do sucesso, o que não pode é desistir e deixar de querer fazer sempre melhor na próxima vez!  E assim tento fazer com ele o tipo de liderança transformacional.

Quem vive de automotivação, como nós vendedores, sabe que o prazer está em cada processo e cliente satisfeito e não só no atingimento da meta no fim do mês. Às vezes a satisfação era simplesmente ajudar o cliente a alcançar a solução para o problema dele, sem vender nem um centavo. Se você se preocupa só com a meta, acaba adiando o seu prazer para o fim do mês, o fim do ano, e pode ser que ele nem se concretize. E aí a sua sensação pode ser de que seu trabalho terá sido todo em vão.

Sorte no jogo…

“Sorte no jogo, azar no amor”? Acho que não! Creio que não exista motivação emocionalmente mais forte do que uma paixão. “O amor move o mundo”! E eu não conheço motivação mais intensa e persistente para mudar uma pessoa, fazendo-a passar por uma grande transformação em busca de um novo propósito para fazer com perfeccionismo, do que a chegada de um filho. Alguém discorda?

Eu lamento muito quando essa dádiva divina não é motivação suficiente para um pai (ou uma mãe) a repensar todos os seus conceitos e atitudes. Perdem todos! Comparativamente – e filosoficamente falando –, não promover uma evolução no jogo da vida por conta de um filho é como se tivesse a oportunidade de criar um novo console, mas se contentar apenas com uma nova versão do mesmíssimo jogo, apenas com um gráfico (imagem) melhor.

A motivação 3.0 tem que ser como um jogo de videogame, estimulada e composta por três fatores: Autonomia, de poder escolher “o que”, “quando” e “como” fazer o que quiser (sem se render a vícios, claro); Propósito, o “porquê” e a paixão em fazer, e; Maestria, que é executar sucessivas vezes até alcançar a primazia, a excelência.

E dizem que quando se encontra um trabalho que se tem prazer em fazer, aquilo se torna um hobby remunerado, e assim nunca mais você vai precisar “trabalhar”. É claro que na verdade, a excelência só pode ser adquirida com muita consistência, comprometimento e trabalho duro. Mas o fato é que, quando se trabalha com prazer, a satisfação no fim do dia supera a fadiga. E como nos jogos, mesmo diante do mesmo cenário, é necessário fazer ajustes nas estratégias para fazer ainda melhor a cada fase. Muitas pessoas se confundem e pensam que a principal finalidade de um jogo é vencer no final, mas na verdade está puramente em se divertir ao longo de toda jornada. Concorda?

E vale lembrar que o humor é o principal indicador de qualquer ambiente. Então, respondendo à pergunta inicial deste artigo, a melhor motivação é o prazer em fazer algo. E resumindo essa trilogia de artigos, podemos sintetizar todas as motivações em 4 “P”s: Perigo, Punição e/ou Premiação e Paixão. O que acha?

Bem, eu já estou na expectativa por aqui de jogar videogame com o Gugu, pois sei que jogar junto com quem se ama é uma das melhores formas de se divertir (e de resgatar a nostalgia desse prazer da própria infância), e para criar memórias/base felizes para o meu filho.

E conta aí, tem algum jogo ou brincadeira da sua infância que com certeza vai brincar com seu filho? Qual o primeiro da lista?

Um grande abraço,

Pai Alfa.

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Pai Alfa
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