Crianças em Dia com a Educação
O Luiz Gustavo acabou de completar três anos e no Brasil, por lei, a criança precisa estar matriculada na escola aos 4 anos. E como a maioria das pessoas já está vacinada no país, já dá para pensar em uma vida “normal” novamente. Por conta de tudo isso, eu e minha esposa resolvemos começar a olhar com mais afinco que tipo de escola queremos que o nosso filho estude. Ainda não temos uma definição, mas de uma coisa temos certeza: não faz sentido gastar horas da infância diante de um quadro negro entre quatro paredes cinzas.
Nós estudamos por mais de uma década assistindo aulas sentados em cadeiras alinhadas, voltadas para o professor que escrevia anotações em um quadro diante de todos. Não estou contra os professores. Pelo contrário! Tenho ótimas lembranças e admiração por boa parte dos meus professores e cultivo amizade com alguns deles. Mas quantas coisas estudamos na escola sem saber para o que servia? Certamente você também já se perguntou para que gastar tanto tempo com um conteúdo que nunca usou, né? Comenta aí qual foi o mais inútil na sua opinião.
O fato é que esse modelo de educação usado há mais de um século já era ultrapassado na nossa época e diante de todas as transformações do mundo moderno, você acha que a educação deve continuar desse jeito?
Os 4 pilares para a educação infantil
A partir de um relatório denominado “Educação, um Tesouro a descobrir”, organizado por Jacques Delors na década de 90, a Unesco definiu as diretrizes para educação do século XXI, que são baseados em quatro pilares:
- Aprender a conhecer, que envolve “aprender, para beneficiarse das oportunidades oferecidas pela educação ao longo da vida”;
- Aprender a fazer, para adquirir a “competência que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar em equipe”;
- Aprender a conviver, “desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências […] da compreensão mútua e da paz”;
- Aprender a ser, “para desenvolver, o melhor possível, a personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal”.
Em resumo, podemos dizer que esses pilares se referem a construir o conhecimento lógico, colocá-lo em prática com interação em grupo, mas respeitando a autonomia e individualidades de cada um. E não! Não estou dizendo que a educação tradicional não permitia o desenvolvimento de todas essas habilidades, mas obviamente o foco estava desequilibrado e muito baseado em um dos pilares: o desenvolvimento do conhecimento. E isso era direcionado principalmente ao conteúdo lógico-matemático. Enquanto isso, os demais pilares iam ficando mais ao fundo, quando na verdade todos deveriam ter o mesmo peso. Tradicionalmente o menos visto era o pilar da autonomia, já que todo processo de aprendizado era focado no conhecimento que o professor tinha a transmitir à frente da classe e pouco se permitia ao aluno se propor a fazer o que quisesse.
O foco para o ensino do futuro
Em plena pandemia, eu decidi que não iria ficar parado. Aproveitei para me atualizar e dediquei muitas horas de aprendizado a diversos conteúdos online. E dois deles me despertaram para as possibilidades de promover para o Gugu uma educação diferenciada e focada no futuro: “Criando Crianças Criativas”, do Murilo Gun, e “Líderes de aprendizagem”, de Harvard.
No meio corporativo existe um modelo de aprendizado baseado no esquema 70-20-10, que correspondem ao percentual de tempo que se deve focar em cada experiência: 70% de prática (mão na massa mesmo), 20% com mentoria (que é bem diferente do professor que quer te “empurrar” conhecimento) e 10% em conteúdo teórico. E é óbvio que essa proporção vale para um adulto que já concluiu seus estudos regulares. Porém, acredito que mesmo mudando um pouco os percentuais a lógica da proporção (70-20-10) de dedicação do tempo deve servir inclusive para as crianças. No meu tempo de escola infantil – até a 5ª (hoje 6ª) série – eu passava a grandessíssima parte do meu tempo de estudo ouvindo o professor em sala de aula, depois gastava um pequeno tempo fazendo atividade e lições – uma inversão das proporções –, e raramente buscava anotações ou livros. E mesmo assim eu sempre estive entre os top 3 da classe e até da escola às vezes. Mas acho que poderia ter sido mais prazeroso! Imagine uma escola em que a criança passa mais tempo aprendendo geografia e biologia ao ar livre, português (e outras línguas) e história fazendo teatro, física e química em experimentos no laboratório e matemática fazendo simulação financeira? Será que existe isso a um preço acessível?
Como toda criança o Gugu tem prazer em aprender as coisas e quero que continue assim. E afinal, educação não é gasto, é investimento! É fundamental continuar desenvolvendo o conhecimento nas crianças e adultos, mas é necessário sair do óbvio e desenvolver todos os tipos de inteligência, principalmente as que vão permitir a eles se destacarem em um futuro repleto de tecnologia.
Nosso cérebro e capacidades motoras serão facilmente substituídos pela inteligência artificial e robótica, respectivamente. Então por que apostar em um modelo de educação que continua a priorizar século após século um mesmo modelo de ensino, por transferência de conhecimento? Se as máquinas transmitem o mesmo volume de dados em questão de minutos por uma porta USB, bluetooth, etc, na minha visão, não faz sentido. Concorda? E quem sabe num futuro próximo nós humanos poderemos plugar nosso cérebro a um computador que vai nos conferir as habilidades que quisermos em segundos, como se estivéssemos em uma Matrix? Duvida?!
Um grande abraço,
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