Estamos criando o mundo virtual ou ele está nos moldando?
A Internet foi criada para ser uma extensão virtual do nosso mundo e nossa presença nela era um espelho do nosso comportamento na vida. Mas cada dia mais esse ambiente e seus “habitantes” estão se tornando uma realidade distópica.
Se você tem mais de 30 como eu, deve se lembrar que a Internet usava a rede de telefonia fixa e era acessada em um pequeno período do dia (muitas vezes tarde da noite, quando a conexão era mais barata e rápida). No resto do dia, íamos ao trabalho e/ou escola, encontrávamos os amigos na praça e nos fins de semana tinha alguma festa em família regada à muita risada e bebidas. E tudo que se queria comprar era entrando pé ante pé no estabelecimento e pedindo à pessoa do outro lado do balcão. E se não tinha o produto, o jeito era voltar dias depois para tentar a sorte novamente. Bons tempos, né?! (Ou não!)
Navegar pela Internet hoje é como se fosse andar pelas ruas e avenidas do centro de uma grande cidade. Você vai encontrar lojas que vendem de tudo, desde produtos populares até itens raros; restaurantes que tentam te atrair com opções irresistíveis; e até mesmo lugares onde pode contemplar a cidade e conversar com pessoas de qualquer parte do mundo.

É uma versão otimizada e mais prática do nosso mundo físico. Esse ambiente é vibrante e movimentado, mas será que estamos realmente no controle de nossas escolhas?
Avatar
Acho que não é à toa que para definir o perfil de uma pessoa na Internet utiliza-se a palavra Avatar, que vem do hinduísmo e significa praticamente “manifestação corporal de um ser super poderoso”.
E com certeza você já assistiu ao menos um dos filmes da saga Avatar (que foram marcos no cinema), onde um monte de humanos utilizam máquinas para gerar versões mais fortes e habilidosas de si mesmo para dominar um mundo que não lhes pertence, com o único intuito de subjugar a cultura existente e explorar seus recursos. Isso te lembra alguma coisa?
Na Internet o comportamento de muitas pessoas é exatamente assim: uma vez nesse ambiente virtual, elas se julgam seres super poderosas, mas eventualmente provocam o mal em nome de um “bem maior”, como se fossem personagens de The Boys — série que satiriza heróis com comportamentos egoístas e destrutivos, mostrando como o poder pode corromper. Isso te lembra alguma coisa?
O que está sendo moldado?
Vemos exemplos de sites, como tours de museus, e jogos, como Minecraft, que permitem (re)construir um universo inteiro, mas também observamos novas gerações de crianças que fazem pouca ideia do mundo real, fora do virtual.

Muitas dessas crianças passam horas do seu dia, às vezes desde bebês, consumindo conteúdos duvidosos e sendo educadas por maus “influencers”. O reflexo disso está em um aumento preocupante de casos de atraso cognitivo e de linguagem, problemas de visão, dificuldades de sono, impulsividade, distúrbios de atenção e de aprendizagem, além de ansiedade, depressão e até mesmo tentativas de tirar a própria vida.
E não são só as crianças que estão sofrendo com isso! Os adultos também, que muitas vezes se deixam levar por promessas de cursos milagrosos que não entregam nada de valor, ou por “especialistas” de assuntos aleatórios que inventam desde maneiras absurdas de cortar frutas até dietas que prometem curar doenças graves. É cada coisa, que até Deus duvida da fé dessas pessoas de que estão realmente fazendo algo fantástico.
Seja um exemplo
A internet é uma ferramenta importantíssima na vida moderna e não justifica criar uma bolha e estar desconectado do mundo virtual, mas também não precisamos entrar em conflitos, como a ficção científica do James Cameron. Ao invés de Avatar podemos nos espelhar no Homem-Aranha, o amigão da vizinhança, que tem os problemas normais de qualquer um e lida com isso sempre com grande responsabilidade.
E para ficar mais claro, há algumas regras de etiqueta para seguirmos e ensinarmos aos nossos filhos de como interagir no mundo virtual de forma assertiva:
- Seja gentil e respeitoso com todos online. Lembre-se de que por trás de cada perfil, há uma pessoa real com sentimentos, como você.
- Respeite a privacidade dos outros e não compartilhe informações pessoais sem permissão.
- Tome cuidado com o que você posta. Uma vez na internet, suas palavras podem ficar por muito tempo, e o impacto delas é duradouro.
- Comunique-se clara e adequadamente como se estivesse frente a frente. Porém, não se esqueça que às vezes a pessoa não está te vendo, então, tome cuidado com o modo como os outros podem interpretar suas palavras.
- Respeite o tempo e o limite das pessoas. Não seja um mala, que fica enviando mensagens ou postagens longas e/ou em excesso, fora de hora, ou de assuntos que não interessam ou são “fakes”.
- Tenha empatia e bom senso. Se coloque no lugar do outro e reflita, “Será que o outro vai gostar disso? E se fosse comigo isso me deixaria contente ou chateado?”. Não se esqueça que pessoas diferentes gostam de coisas diferentes.
- Filtre e bloqueie. Saiba ignorar o que não acrescenta nada à sua vida.
Faltou alguma dica importante? Deixe nos comentários e ajude os outros leitores a construir um ambiente digital mais saudável para todos nós.
Um grande abraço,
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