Ajustando a visão
Enquanto o Eduardo está crescendo e começando a ter mais consciência de suas vontades e aumentando a interação com o Luiz Gustavo, me percebi ficando mais velho e novos problemas surgiram na minha vida.
Os conflitos foram ficando maiores enquanto as letras dos textos foram ficando cada vez menores… E para que minha visão não ficasse turva diante de nenhuma dessas situações e às imagens no dia a dia, precisei aprender a me afastar mais pra enxergar melhor por um ângulo mais amplo.
Afinal um filho te faz pai, mas dois te tornam um “eterno juiz”. E com dois meninos juntos as brincadeiras são mais brutas, e por mais brinquedos à disposição, a tendência é sempre quererem o que está na mão do outro. E crianças pequenas sempre vão fazer birra por algo que querem muito e não sabem controlar seus impulsos emocionais.
Eu me lembro muito claramente de um episódio de quando eu tinha uns cinco anos, como o Gugu hoje, e por algum motivo que não recordo mais, eu fiquei nervoso com meu pai, que estava sentado ao meu lado, e bati a mão no rosto dele e os óculos caíram no chão e a lente quebrou. E num dos dias seguintes, meu pai apareceu em casa com um tapa olho “médico”, feito de gaze ou algo assim, e esparadrapos prendendo aquilo no rosto. Me lembro de chorar muito pela culpa que senti de deixar meu pai sem enxergar. Só recentemente, tocando no assunto, que descobri que na verdade quando o meu pai foi ao oftalmologista para refazer os óculos, ele descobriu a necessidade de uma cirurgia para corrigir um problema que não teria descoberto sem minha “ajuda”. Mas passei quase 40 anos com a memória do remorso por aquilo.
E é exatamente para não incorrer novamente nesse erro de pré-julgar e reagir de forma desmedida e desnecessária, que também estou fazendo um esforço para enxergar os conflitos dos meninos de um modo mais leve, distante e imparcial, para que meu ponto de vista não promova injustiças.
Já para minha leitura, a solução foi adquirir um par de óculos com armação e lentes bem resistentes a puxões, quedas e arranhões para que no caso de algum acidente, os meninos não passem anos se sentindo culpados por um problema de visão do pai deles!
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