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Escolinha – a importância dos primeiros dias

Eduardo está prestes a completar 3 anos e está indo para a escolinha pela primeira vez. Mais cedo do que gostaríamos e do que o irmão foi (já com 3 anos e meio), mas era claramente um desejo dele – que chegou a pedir mochila de presente para o Papai Noel!

E no primeiro dia de aula ele já chegou na sala puxando a mochilinha que ganhou no Natal, cumprimentando a todos com muito entusiasmo e, disse: “Oi, gente! Cheguei! Eu sou o Edu!”. E a adaptação dele foi tranquila e bem acolhida, pois a mãe pôde ficar com ele por um tempinho até garantir que já estava à vontade (até demais) para ficar “sozinho”, só com os coleguinhas e a professora. E isso já causa uma boa primeira impressão [link próximo post] para carregar para as próximas décadas estudando. Ele começou a vida acadêmica com o pé direito, mas por pouco, para o irmão mais velho, não foi assim.

O Luiz Gustavo, que já está iniciando o 1o ano do ensino regular, começou em outra escolinha no período em que todos tentávamos voltar ao normal após anos enclausurados pelo vírus. A expectativa era muito boa e ele foi tranquilo, mas não foi como esperávamos – nem ele.

Por conta das regras sanitárias que ainda vigoravam na época, os pais não podiam permanecer na escola para adaptação, mas eu havia combinado com o diretor da escola, que iria lá resolver alguma pendência (nem lembro mais o que era).  Estacionei na porta da escola, tirei o Gugu do carro e ele já todo independente não me deixou nem puxar a mochila de rodinhas. Estufou o peito e foi… eu atrás. Quando a auxiliar da escola abriu o portão, ele entrou sem hesitar. Mas eu fui barrado, e mesmo argumentando que tinha marcado com o diretor, ela deselegantemente disse que ele tinha saído e fechou o portão na minha cara. A Júlia ainda nem tinha levantado do carro. Não tivemos oportunidade de despedir dele, desejar um bom dia… nada! 

Tenho certeza de que lá dentro, quando ele olhou pra trás e não nos viu, ficou com medo. “Cadê meus pais?”… Foi um choro alto. Fiquei ouvindo de fora e percebi que tinham levado ele pra sala para tentar enturmá-lo, mas não teve nada que o fizesse parar de chorar. Bati no portão e pedi para trazerem meu filho de volta, para acalmá-lo. Tentaram me argumentar que era normal que logo passava e não trouxeram. Depois de 5 minutos perdi a paciência. Bati campainha novamente e ordenei que trouxessem e antes de qualquer argumento já disse logo: “esse é o primeiro dia de mais de 10 anos indo pra escola. O que ele vai guardar na memória não é esse dia chorando porque não deixaram ele se despedir. Pode trazer agora, por favor!”. 

Em casa conversamos bastante, e ele ficou tranquilo e disse que queria ir para escola. No dia seguinte ele foi todo animado novamente, mas assim que o portão se abriu ele começou a chorar e disse que não queria. Voltamos para o carro e eu alí mesmo consultei o catálogo do plano de saúde e marquei a consulta com uma psicóloga.

A gente entendeu que ele queria ir para escola, o problema era o trauma. Na semana seguinte eu e a minha esposa, decidimos que ele precisava de um sentimento bastante positivo para conseguir atravessar aquele portão com confiança e segurança — já que tínhamos sido impedidos de acompanhá-lo. Montamos um “jogo de trilha” em uma folha de papel com 5 desafios, e a cada dia da semana ele precisava completar uma missão para “merecer” entrar na escola. Foram coisas como se equilibrar no canteiro da árvore, pular poças d’água sem molhar o tênis e colher uma flor amarela para entregar para a professora. A cada vitória a gente comemorava muito e se despedia com ele ainda empolgado. Depois de entrar assim na escola a semana toda ele passou a amar ir para a escola, e nunca quis perder um dia de aula sequer.

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Pai Alfa
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