Não existe crítica construtiva!
“Papai, você sabeu! Conseguiu consertar os brinquedos de mim”. Essa frase é perfeita! Não está errada! Não estou falando pela questão da gramática, mas do ponto de vista da lógica. As concordâncias seguem o padrão. O português é que é complicado demais.
Se o bebê está aprendendo a falar e a gente ficar corrigindo toda hora, dizendo que está errado, qual a motivação dele para continuar tentando? Reflete aí! Se você é corrigido o tempo todo – em casa, no trabalho ou onde quer que seja – logo você vai preferir parar de tentar e fazer somente aquilo que já sabe, com segurança, não é mesmo? Não existe alta performance sem segurança psicológica. Não dá para aprender a andar de bicicleta sem cair. Os erros são a parte mais importante do processo de aprendizado.
As pessoas que criticam o tempo todo, se vestem de uma capa de perfeição e acreditam magicamente que são superiores e por isso estão “fazendo um bem” para outro se tornar “alguém melhor”. Mas é fato! Quanto mais se critica, menos a outra pessoa estará disposta a receber aquela informação e usá-la. A neurociência já explica isso. Nós aprendemos melhor quando temos afetividade com o interlocutor e isso acontece envolto em uma sensação positiva. Se não, o cérebro não processa e não grava. Se a sensação é de stress, nossa reação normal é luta ou fuga!
A melhor forma de incentivar alguém é reconhecendo a iniciativa, a vontade e a resiliência de continuar tentando quantas vezes forem necessárias. Uma frase que sempre repito ao meu filho como mantra, é: “só perde quem desiste”!
Mas então não se pode corrigir? Claro que pode! …E deve! A questão é o como. Uma forma bem sutil de corrigir é fazer isso indiretamente, sugerindo uma alternativa de como fazer a mesma coisa, ou simplesmente dando um exemplo a ser seguido. No caso das falas erradas do meu filho, eu sempre faço a validação, repetindo a frase da forma correta. No exemplo do início deste texto eu disse: “Obrigado, filho! O papai soube consertar seus brinquedos, né!? E você gostou do resultado?”. Mas óbvio que a percepção da falha e da necessidade de mudança não é tão efetiva de imediato e provavelmente vai precisar de muito reforço e consistência.
Alguém sai às ruas criticando as pessoas gratuitamente? Claro que não! A gente já sabe que precisa criar uma conexão para isso. Então demonstre, sem críticas ou julgamentos, que confia na capacidade do outro de continuar se desenvolvendo. Ouvir coisas como “você está indo muito bem e acho que pode fazer ainda melhor”… Não seria bem mais acolhedor?
Críticas não são construtivas! Críticas constroem muros, educação constrói pontes! Respeito, orientações assertivas e bons exemplos constroem relações e caráter! Ao meu ver, o melhor estilo de liderança e de educação é aquele que aceita que erros fazem parte do aprendizado, isso é transformacional.
“Só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito” (Aristóteles).
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