Por que os pais não assumem o papel de liderança em casa?
Eu gosto sempre de destacar por aqui como os diversos conceitos de liderança, de gestão corporativa e de parentalidade podem ser adaptados para os demais ambientes, tanto em casa quanto no trabalho. Acredito que muitos dos modos para gerenciar uma equipe, educar um bebê (ou um pet) podem ter mais semelhanças do que se imagina, afinal as relações humanas seguem os mesmos preceitos de respeito, autonomia e cooperação. Concorda?
E foram exatamente essas observações e associações que fiz ao longo da minha vida que culminaram na criação do Blog e Instagram do Pai Alfa. Esse que vos escreve! E volta e meia apresento o quanto homens da vida real e do cinema dão exemplos de bons pais e líderes. Mas, infelizmente, nem tudo são flores!
Uma triste desigualdade
As estatísticas nos mostram que a realidade não é nada digna de nenhum filme. No nosso país, apesar dos homens ocuparem mais de 80% dos cargos de liderança no mercado de trabalho, em casa os papéis se invertem e as mulheres chefiam em mais de 40% das famílias. Nesses casos, elas são a principal e até a única provedora de renda. E a mãe “solo” está presente em torno de 20% das casas, sendo que aproximadamente, em metade delas, os filhos sequer possuem o nome do pai no registro. Que vergonhoso, né?!
E essa foi a minha motivação para participar do OpenMic do TEDx Belo Horizonte e, por consequência do vídeo da minha postagem, fui convidado a ministrar uma palestra corporativa on-line, dentro de um programa de inclusão promovido pelo RH local de uma empresa multinacional.
Nesse último, abordei a triste realidade de que muitos homens desenvolvem a Síndrome de Adão. É quando tentam fugir de suas responsabilidades, jogando toda a carga da culpa sobre as mulheres. Quer ver? Os dados nacionais nos mostram que 90% das mulheres realizam atividades domésticas, mas só a metade dos homens contribuem para essas tarefas. E por conta disso, as mulheres ainda trabalham em média 10 h/semana a mais que os parceiros nessa jornada extra de trabalho. E se há crianças no lar, essa carga é ainda mais pesada. Literalmente!
Ter um filho até que é fácil! Mas com “grandes poderes, vem grandes responsabilidades”. E o difícil mesmo é educar!
Quebrando paradigmas
No vídeo de inscrição para o TEDx e na palestra que ministrei o meu objetivo era mostrar que os homens precisam aplicar os conceitos de liderança do meio corporativo também dentro de casa, e se assumirem como protagonistas do lar. Sim, protagonista! Não existe o Oscar de “melhor ator” e “melhor atriz”? Pois muito bem, o pai deve assumir a sua corresponsabilidade com a família e fazer a parte que lhe cabe. Eu acredito que homens e mulheres podem assumir seus respectivos papéis como líderes, tanto dentro quanto fora de casa. Juntos!
Contudo, também faço uma provocação às mulheres: se elas são as principais responsáveis pela educação dos filhos, sejam meninas ou meninos, como elas acabam contribuindo para a perpetuação dessa cultura machista da nossa sociedade? Infelizmente, muitas mães ainda criam os filhos como um “pequeno príncipe” que não precisa ajudar em casa, enquanto as meninas são “treinadas” desde cedo a ajudar nas tarefas domésticas. Na minha opinião, ambos os sexos deveriam contribuir para a organização do lar onde vivem.
E assim, as mulheres não precisam continuar sofrendo dessa Síndrome da Mulher-Maravilha e achar que precisam aceitar toda a sobrecarga do lar sozinhas. Se a criança tem um pai, ele tem que prover junto, nem que seja com a pensão alimentícia. Mas isso é pouco! E mesmo que não tenham filhos, se o homem mora na mesma casa, ele tem que contribuir para que a vida ali seja mais confortável para ambos.
Estatisticamente, homens com curso superior são os que mais realizam afazeres domésticos. Eu faço parte desse grupo e por aqui as tarefas são compartilhadas. Na parceria! Na verdade, a única tarefa que só minha esposa foi capaz de fazer, por motivos óbvios, foi a amamentação no seio. E desde que o Gugu decidiu largar o peito por volta dos 8 meses, estamos em “pé de igualdade”! Não é para ser uma disputa, só o puro companheirismo!
Nos primórdios da nossa civilização os homens caçavam, enquanto as mulheres ficavam na caverna para cuidar da família. Mas esses tempos já ficaram para trás e o mundo mudou muito. Não podemos continuar sendo “homens das cavernas” em pleno século XXI. Precisamos evoluir.
E eu sempre me perguntei: onde está escrito que o homem tem que continuar só provendo comida e a mulher tem que dar conta dos afazeres da casa e da educação das crianças sozinha? Na Bíblia que não é!
Creio que todos concordam que o maior exemplo de família da história é a Sagrada Família. José criou um filho “adotivo” e participou de toda “peregrinação” junto com a esposa. E tenho fé de que Jesus só se tornou o líder que foi, graças a um lar harmônico onde recebeu os ensinamentos e bons exemplos de seus pais. Nossa responsabilidade como pais e mães, assim como foi de José e Maria, é preparar os nossos filhos para serem um exemplo de dedicação e amor para o resto do mundo.
Quem diz “Amém”?
Um grande abraço,
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