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O que a saga Star Wars nos ensina sobre parentalidade e liderança?

Se você não nasceu “há muito tempo” como eu, ou vivia “em uma galáxia muito, muito distante” talvez você nunca tenha assistido Star Wars. Então, cuidado! Este texto contém SPOILERS!

Depois de uma trilogia sequels e de alguns spin-offs que frustraram tanto os fãs da saga, recentemente pudemos contemplar a redenção da Disney (que adquiriu a Lucas Film no início da década). A série live-action The Mandalorian trouxe satisfação aos admiradores mais fervorosos do universo expandido tanto por seus elementos de fanservice, quanto por respeitar e dar sequência à trilogia original – e também angariou uma nova leva de tietes – contando uma história simples, episódica e digna.

The Mandalorian – e baby yoda – novo sucesso de Star Wars da Disney+

Star Wars e parentalidade

Se você acha que a saga Star Wars é ficção científica, se enganou. A outra, Star Trek que é. E The Mandalorian bebe das duas fontes da clássica saga: é um faroeste intergaláctico e as histórias se baseiam nas relações de parentalidade. Sim! Se você ainda não percebeu que os filmes Star Wars são sobre interações entre pais e filhos (biológicos ou não), principalmente da família Skywalker, você não entendeu nada!

Todo mundo que já teve contato com a saga sabe que um dos maiores plot twist do cinema até hoje é a icônica fala do vilão Darth Vader ao final do segundo filme (Episódio V – O Império contra ataca) ao Luke Skywalker: “Eu sou seu pai”. Me lembro bem quando meu pai estava assistindo ao filme e eu nem tinha dado bola pra aquilo até passar na frente da TV e ver a batalha final com espadas reluzentes, e fiquei abismado com o vilão cortando a mão do mocinho. Mocinho perdendo no final do filme? Inédito pra mim! Daí, algum tempo depois (na época não existia streaming, só TV aberta), quando vi que ia passar a continuação, fiquei logo interessado em ver como seria o Retorno do Jedi.

Outras relações de parentalidade são desenvolvidas a cada trilogia. As relações entre os mestres jedi e seus aprendizes padawans por si só já têm uma ideia de interação de pai e filho velada, mas a mais destacada entre Obi-wan e Anakin, na verdade, é de irmão mais velho com um caçula e, como de costume, não deu muito certo.

Montagem da cena após a luta entre o mestre jedi Obi-wan e seu padawan Anakin que traiu a ordem jedi e se rendeu ao lado negro da Força para se tornar Darth Vader

O icônico vilão Darth Vader (Anakin) era o pai de Luke Skywalker e tentou cooptá-lo para “o lado negro da Força”, mas teve sua redenção no final da trilogia original para salvar o filho, que também se descobriu gêmeo separado no pós-parto da princesa Leia, guerreira da resistência. Essa, que por sua vez, teve um filho com o contrabandista regenerado Han Solo, mas envolvidos com o trabalho acabaram mandando-o para ser treinado com o tio Luke (Viu!? Uma família completa!). Ah! As sequels mostram que o filho do casal confrontou o tio e preferiu seguir os passos do avô vilão a ponto de atacar seu pai, até ser confrontado por uma carismática órfã bad-ass e ter sua redenção também. Poderia até ser um episódio daquele programa “Casos de Família”! Rsrs…

No seriado The Mandalorian o protagonista caçador de recompensas se vê obrigado e tomar conta de um “bebê” que cruzou seu caminho de aventuras – isso já no início da primeira temporada. Ele “adota” a criança e começa a carregá-la por toda a galáxia em suas missões com o objetivo de entregá-la a quem de direito. O final da segunda temporada é uma resolução fantástica e que com certeza agrada aos mais fervorosos fãs da saga. Contudo, sabendo um pouco do fim dessa história, posso dizer que “eu tenho um mal pressentimento sobre isso”.

Star Wars e liderança

Não é só de relações de parentalidade que vive Star Wars, mas de jornadas de heróis e suas formas de liderança. A trilogia original criada por Jorge Lucas ainda nos presenteia com diferentes abordagens de liderança e sua correlação com o tipo de educação parental, principalmente da Família Skywalker:

  • Darth Vader: liderança autocrática. Dominador, se impõe pelo poder e medo sobre os subordinados, dificilmente permite a participação deles nas decisões e pune as falhas. Da mesma forma, é coerente neste erro com relação à educação parental (também autoritária), pois quis impor ao filho um caminho através da Força (se é que você me entende, rsrs). Infelizmente ainda temos muitos desses por aí, tanto no trabalho quanto em casa, mesmo que não admitam. Mas as máscaras sempre caem, né?!
  • Princesa Leia: liderança democrática. Aberta e receptiva, consulta e valoriza as contribuições da equipe, porém, a tomada de decisão final ainda cabe a ela. Sempre estimula o engajamento pelo senso de justiça, coragem e honestidade. Em casa, por conseguinte, é o estilo de autoridade (ou “autoritativo“, não confunda com autoritário) baseada no exemplo. Mas no caso da saga, um dos exemplos dados pela princesa/general, por se dedicar demais ao trabalho, é que a guerra era mais importante que a família e delegou a educação do filho aos cuidados do tio “rebelde”. Deu no que deu!
  • Luke SkyWalker: liderança facilitadora. Acredita que deve dar independência ao time, mas direciona e intervém para ajudar na conclusão da missão quando necessário. Na educação, por sua vez, está provavelmente relacionada ao estilo permissivo, quando deixa as crianças fazerem o que quiserem, sem conseguir impor limites, pois tenta assumir mais o papel de amigo do que de pai, mas depois se vê obrigado a concluir o que não foi feito por elas e tende a deixar a criança mimada (dá pra ver o quanto isso contribuiu para Ben Solo virar Kylo Ren).
  • Han Solo: liderança liberal. Individualista, se preocupa com o próprio status e delarga as tarefas à equipe ou à própria sorte. Muitas vezes mantem a liderança por ter conhecimento exclusivo (das especificidades da Millennium Falcon) e também por assumir as ideias do time como se fossem suas. Na educação este perfil coincide com o tipo rejeitador/negligente, que não dedicam muito tempo e energia às necessidades e responsabilidades com o filho. São ausentes e isto fica óbvio na saga pela rejeição que sofre do filho, que renega o pai (muda de nome e faz o que faz, né?!).
Comparativo entre os estilos de liderança e tipos de educação parental dos principais personagens da trilogia original de StarWars

Mas não é só da família Skywalker que vive a saga, afinal o universo é vasto demais! Eu também posso detectar outros estilos de liderança entre os personagens icônicos da saga:

  • Senador Palpatine: liderança transacional. Gosta de controlar e manter o status quo e negocia recompensas imediatas com os liderados para conseguir o que quer. “O lado negro da Força é o caminho para muitas habilidades que alguns consideram ser… Antinatural”.
  • Obi-wan Kenobi: liderança situacional. Capaz de reconhecer o nível de maturidade do liderado, é mais flexível e adaptável à situação ou momento, e muda seu estilo conforme o liderado (Anakin ou Luke) e a missão, podendo transitar entre os estilos anteriores, conforme a necessidade. “Muitas das verdades às quais nos apegamos dependem muito do nosso ponto de vista”.
  • Mestre Yoda: liderança transformacional ou coaching. Mais sábio, consegue identificar habilidades e capacidades e trabalhar o desenvolvimento do liderado estimulando a autoconfiança e visão de longo prazo, mas também é bastante tolerante com os erros durante o aprendizado, fornecendo segurança psicológica. “Faça. Ou não faça. Tentativa não há”.

Mestre Yoda é o tipo de liderança e educação que é minha meta com meu filho, mas por hora reconheço que estive mais para Obi-wan, ajustando minhas ações conforme a situação vivida pelo meu padawan. Realmente a saga Star Wars tem muitas lições e frases emblemáticas para nos ajudar a lutar contra “o lado negro da Força” e tentarmos nos tornar melhores líderes e pais a cada dia.

E ao meu ver até agora (ao final da segunda temporada do live-action) o Mandaloriano, apesar de seu estilo de liderança focado em tarefas, foi um dos “pais” mais aplicados do universo Star Wars. Você concorda?

Que outras relações de parentalidade e de liderança que você destacaria nesse universo? E qual o seu estilo no seu universo?

“Que a Força esteja com você”!

Pai Alfa.

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