Como fazer gestão de riscos na educação e liderança?
Eu acredito que todos merecem proteção, principalmente as crianças e os animais. Mas nossa tendência natural é de, em nome dessa promoção, privar os outros da própria liberdade e autonomia. E pra onde vai o livre arbítrio?!
Há momentos em que devemos nos responsabilizar, sim, pela segurança do outro. Empresas fazem isso com os funcionários e os pais devem fazer também no ambiente familiar, ensinando os filhos a fazer tudo com segurança. Afinal, qual pai ou mãe nunca se descabelou ao ver seu filhote subindo em um lugar quando ainda mal sabia a noção de altura? Comigo?! Um monte de vezes, tanto com os dogs quanto com o Luiz Gustavo!
E esse controle deve ser feito, analisando os indicadores da sua gestão dos pequenos nos quais deve-se incluir a prevenção de (quase) acidentes. E é nessas situações que acredito que a proteção deve ser garantida e a liberdade controlada.
O balanceamento
Apesar de já pensar dessa forma, não é invenção minha, vi numa série de cursos sobre educar crianças com criatividade (do Murilo Gun) que assisti nessa pandemia, e corrobora muito com o jeito que penso. Existe uma régua imaginária onde colocamos nossas crenças e ações de acordo com o nível que atingimos, em comparação às possibilidades. E para garantirmos a proteção aos nossos filhos, devemos evitar os extremos, afinal como dizia Aristóteles: “Os extremos são vícios. No meio deles está a virtude”. A subproteção é desrespeito à vida, é a despreocupação com os riscos a que estão suscetíveis, por outro lado, a superproteção é um desrespeito à liberdade e à autonomia. Não estou falando grego, né?!
No entanto, ao contrário da ideia extremista do vilão Thanos (do Universo Cinematográfico da Marvel – MCU), nem tudo deve estar em perfeito equilíbrio no meio. A régua da liberdade é um exemplo disso, no qual o peso não é distribuído igualmente. Porque a privação de liberdade em qualquer grau, tem peso negativo, e só é válida para quem abusou da outra extremidade, onde o peso da liberdade absoluta, ou libertinagem, é o desrespeito à liberdade alheia. “A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro” (Herbert Spencer).
Eu acredito que o “zero” da escala é o direito de ir e vir. E nesta concepção, o castigo infantil, ainda tão comum na criação dos pais, na minha opinião é o primeiro estágio da privação de liberdade a que muitos de nós somos submetidos. Então juntando as duas réguas, o respeito a seu filho e à liberdade dele devem te fazer transitar à luz da educação positiva.
“Nunca ajude uma criança em uma tarefa que ela sente que pode realizar sozinha.” (frase que exemplifica bem a filosofia montessoriana). E baseados nesta ideologia de liberdade e autonomia para crianças é que tantos pais têm aderido aos conceitos fundamentados nos métodos da médica Maria Montessori, que educou crianças na primeira metade do século passado, e que preconizava que os ambientes devem estar adequados para receber as crianças. Aqui em casa o quarto do Gugu tem alguns desses elementos atribuídos ao estilo montessoriano, como cama baixa, tapete e mesa de atividades (desenhada para ele por mim. Ai que orgulho! Rs), brinquedos e biblioteca ao alcance das mãos e a liberdade de desenvolver a curiosidade e as habilidades.
Mensurando os riscos
Se seu filho ou cachorro sai correndo atrás de uma bola em direção à rua, você acha que tem que ficar avaliando uma análise estatística de probabilidades e riscos e coisa e tal? Claro que não! Não pense muito, siga seu instinto! Nosso cérebro primitivo é treinado para sobrevivência! E é melhor pedir desculpas pelo exagero na reação do que se lamentar por não ter sido rápido o suficiente. Na dúvida, aja… e rápido! Como um zagueiro que cerca o atacante e não o deixa ficar de frente para o gol, e só dá o “bote” na hora certa. Obviamente também não vai sair por aí considerando tudo perigoso e enrolando plástico bolha na família e pela casa toda, né?! (Mesmo que às vezes dê muita vontade. rsrs).
A Matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) é uma ótima forma de fazer essa análise de modo coerente para avaliar o quão importante deve ser a intervenção do líder. Porém, se “a coisa tá feia” (escalas 4 e 5 da matriz abaixo), haja rapidamente. Não pode vacilar. A propósito, nessas situações, na minha opinião são os únicos momentos que justificam um líder intervir de forma mais enérgica, por motivos óbvios. Caso contrário, o diálogo e o respeito sempre deverão ser a bússola da liderança.
Não podemos nos esquecer que tudo que a criança faz é uma oportunidade de aprendizado, e por isso, para que elas possam alcançar todo seu próprio potencial, devemos permití-las experimentar pequenos riscos, obviamente, calculados. E esta matriz pode valer para todos ambientes e pessoas (ou pets). Já conhecia? E como vai por aí a “gestão de riscos” em casa? Tá mais para ficar se descabelando o tempo todo ou bem ao estilo “se vira nos trinta”?
Um grande abraço,
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